terça-feira, 23 de outubro de 2007

Diante das contas de um rosário
Diante de um terço de pedras pretas.
Dizem que se rezarmos diariamente,
Maria nos assistirá na hora de nossa morte.
É tarde - nem tanto - e eu preciso de idéias.
De uma frase perfeita para explicar o verso.
Mas primeiro, tudo que eu sempre quis,
desde que me acordei de manhã cedo,
era um cigarro.
E dei para justificar um cigarro
com um copo de bebida
ou com um momento sem idéias.
Essa mania doida de ter que ter idéias.
Essa mania doida de pedra de crer que devo
comentar a grande frase.
Induzir sentimentos intensos.
Sou uma chata. Uma chata cheia de manias.
Ainda acredito conquistar corações,
ainda acredito que só sei conquistar corações
tendo idéias. Eu sou a rainha das idéias.
A "Miss coração solitário".
Que na verdade disfarça, teclando teclando,
com dedos que querem cigarros.
Fico bem de negro. É a minha cor.
Todo mundo deveria ter uma.
Aquela que só se empresta a quem amamos.
Já quis ter, um dia, um vestido
de paralelepípedos esvoaçantes.
Agora que, enfim, estou fumando,
gostaria de um drinque e um xale
de contas de rosários.
Sou mesmo uma chata
que adora desculpas do exisitir.
Mas, se quiser, lhe empresto agora
todo o meu negro. Aceita?

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