quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Acordei, o amargo na língua permanecia
Escovei os dentes
e aquele amargo não saía
Fiz gargorejos com anti-séptico bucal
Passei fio dental
E aquele amargo não desprendia
Foi então que parei frente ao espelho
e percebi meus olhos fundos, a pele com marcas, cabelos despenteados e o velho pijama expoído.
Dessa parte o único apego que me cái confortável, apesar de gasto é o meu pijama.
Olhei a rua
E o dia parecia ter feito um pacto com o gosto fixado
As nuvens acizentadas e apesar do frio que me sobe a espinha
Está um calor abafado onde o ar vem e vai quente.
Causando-me uma sensação claustrofóbica e cansada ao mesmo tempo.
Inspirei e senti um cheiro fármaco forte,
como aqueles dos laboratórios e clínicas médicas.
Entrei em baixo do chuveiro e por lá fiquei horas tentando me desprender
de todo esse amargo.
Saí do banho com um perfume mascarado
E pus-me novamente em frente ao espelho
e só então percebi que o gosto e o cheiro eram meus, e tão meus já que não me libertavam.
Queria um corpo novo, um dia novo, algo novo...
Coloquei-me à durmir novamente, para quem sabe acordar
Sem esse azedo-amargo-putrificado.

Nenhum comentário: